Fonte: https://www.padrereginaldomanzotti.org.br
A maçonaria tem uma origem difícil de ser comprovada. Alguns afirmam
remontar ao tempo anterior ao dilúvio de um tal Jabal, construtor
contratado por Caim e Enoch. Jabal ensinou uma arte secreta para
trabalhar com lâminas de ouro. Esses conhecimentos chegaram a Abraão,
por meio de quem seriam transmitidos aos egípcios. Estes os transmitiram
aos Judeus, que alcançaram o seu apogeu na construção do templo de
Salomão. Depois da destruição do templo, o conhecimento teria passado
para os cristãos. Os depositários desses segredos seriam os "quatro
santos coroados" e Santo Albano na Inglaterra, o qual com a ajuda do rei
Athelstan os teria codificado.
A maioria dos estudiosos não
aceita essa primeira origem, ela é considerada um tanto fantasiosa.
Admiti-se que a origem remota da maçonaria moderna( franco-maçonaria =
pedreiros livres) desenvolveu-se a partir das organizações medievais que
agrupavam arquitetos, mestres- de- obras e pedreiros, os quais, por
construírem castelos e igrejas eram considerados espiritualmente nobres.
Tinham
como meta construir a liberdade e a tolerância e o aperfeiçoamento da
humanidade. Professavam a existência de um Principio Criador, sob a
denominação de Grande Arquiteto do Universo.
A maçonaria,
conforme é conhecida até os nossos dias, foi criada em 24 de junho de
1717, como a fundação da Grande Loja da Inglaterra. Surgiu da iniciativa
dos pastores protestantes ingleses James Anderson e J. T. Desaguliers.
No ano de 1723, Anderson elabora a primeira Constituição maçônica. A
partir de então a maçonaria adotou uma forma de organização política que
deveria conservar daí por diante.
Durante o século XVIII surgiram
lojas na Europa e na América. Com o tempo os maçons tornaram-se
anticlericais, sendo por isso, excomungados pela Igreja Católica (1738).
Após a cisão que resultou na fundação do Grande Oriente, na França, em
1773, a maçonaria alcançou o apogeu, tendo importante papel nos
acontecimentos da Revolução Francesa.
A maçonaria tem como
principio professar as mais diversas religiões. Como no Brasil a grande
maioria dos brasileiros é cristã, adota-se a Bíblia como livro da lei.
Em outra nação, o livro que ocupa o lugar de destaque no Templo poderá
ser o Alcorão, o Tora, o livro de Maomé, os Vedas etc., de acordo com a
religião de seus membros.
Em 24 de abril de 1738, o papa Clemente XII
escreve a encíclica IN EMINENTI, em que condenou abertamente pela
primeira vez a maçonaria. A partir dessa palavra oficial da Igreja foi
proibido aos católicos pertencer á maçonaria.
Nos séculos seguintes inúmeros papas confirmaram essa mesma posição por meio de diferentes documentos:
· Benedicto XIV, Providas, 18 de maio de1751.
· Pio VII, Ecclesiam a Jesu Chisto, 13 de setembro de 1821.
· LeãoXII, Quo Graviora, 13 de março de 1825.
· Pio VIII, Traditi Humilitati, 24 de maio de 1829.
· Gregório XVI, Mirari Vos, encíclica, 15 de agosto de 1832.
· Pio IX, Qui Pluribus, encíclica, 9 de novembro de 1846.
· Leão XIII, Humanum Genus, encíclica, 20 de abril de 1884.
· Leão XIII, Dall Alto Dell Apostólico, Seggio, encíclica, de 15 de outubro de 1890.
A
encíclica HUMANUM GENUS, escrita por Leão XIII, é um das mais fortes e
extensas no que diz respeito a indicar os erros da maçonaria e sua
incompatibilidade com a doutrina cristã.O papa ensina, nessa encíclica,
que a Igreja católica e a maçonaria são como dois reinos em guerra.
Entre os pontos principais apresentados por Leão XIII sobre os erros da maçonaria, destacam-se:
-
a finalidade da maçonaria é destruir toda ordem religiosa e política do
mundo inspirada pelos ensinamentos cristãos e substituí-las por uma
nova ordem de acordo com suas idéias.
- Suas idéias procedem de um
mero "naturalismo". A doutrina fundamental do naturalismo é a crença de
que a natureza e a razão humana devem guiar tudo.
- A maçonaria apresenta -se como religião natural do homem. Por isso afirma ter sua origem no começo da história da humanidade.
-
O conceito de DEUS é diferente daquele apresentado na Bíblia e na
doutrina católica. Para a maçonaria, DEUS é um conceito filosófico e
natural. DEUS passa a ser a imagem do homem. Por isso, não existe uma
clara distinção entre o espírito imortal do homem e DEUS.
- A maçonaria nega a possibilidade de DEUS ter ensinado algo.
- Não aceita ser entendida pela inteligência humana.
- A maçonaria estimula o sincretismo religioso, isto é, a mistura das mais diferentes crenças.
- A maçonaria compara a Igreja católica a uma seita.
Em 1917, no antigo CÓDIGO DE DIREITO CANÔNICO (lei oficial da igreja), a maçonaria foi comparada explicitamente:
CÂNON
2.335: Pessoas que entram em associações da seita maçônica, ou outra do
mesmo tipo que conspire contra a Igreja e a autoridade civil legítima,
recebem excomunhão simplesmente reservada á Sé Apostólica.
Em 17 de
fevereiro de 1981, a Sagrada Congregação para a doutrina da fé divulgou
uma orientação para os católicos sobre a maçonaria, em que reafirma a
posição tradicional da Igreja.
O Código de Direito Canônico atual,
publicado em 1983, não fala de modo explícito da maçonaria, somente dá
uma orientação geral contra esse tipo de associação:
CÂNON 1.374:
Quem der nome a uma associação, que maquine contra a igreja, seja punido
com justa pena; quem promover ou dirigir tal associação seja punido com
interdito.
Por não falar da maçonaria, alguns católicos,
pensaram que esse cânon não se aplicasse a ela. Surgiu um impasse: teria
acabado a proibição para os católicos participarem das lojas maçônicas?
Para esclarecer essa dúvida, em 26 de novembro de 1983, a Sagrada
Congregação para a Doutrina da Fé publicou a Declaração sobre as
Associações maçônicas,
QUAESITUM EST:
"Foi perguntado se mudou o
parecer da Igreja a respeito da maçonaria pelo fato de que no novo
Código de Direito Canônico ela não vem expressamente mencionada como no
Código anterior.
Esta Sagrada Congregação quer responder que tal
circunstância é devida a um critério redacional seguido também quanto ás
outras associações igualmente não mencionadas, uma vez que estão
compreendidas em categorias mais amplas.
Permanece, portanto,
imutável o parecer negativo da Igreja a respeito das associações
maçônicas, pois os seus princípios foram sempre considerados
inconciliáveis com a doutrina da Igreja e por isso permanece proibida a
inscrição nelas. Os fiéis que pertencem ás associações maçônicas estão
em estado de pecado grave e não podem aproximar-se da Sagrada Comunhão.
Não compete ás autoridades eclesiásticas locais pronunciarem-se sobre a
natureza das associações maçônicas com juízo que implique derrogação de
quanto foi acima estabelecido, e isto segundo a mente da Declaração
desta Sagrada Congregação, de 17 de fevereiro de 1981" ( cf. AAS
73,1981,pp. 240-241).
O Sumo Pontífice João Paulo II, durante
audiência concedida ao subscrito Cardeal Prefeito, aprovou a presente
declaração, decidida na reunião ordinária desta Sagrada Congregação, e
ordenou a sua publicação.
Roma, da Sede da Sagrada Congregação para a Doutrina da Fé, 26 de novembro de 1983.
Joseph Card. Ratzinger.
PREFEITO
Fr. Jérôme Hamer, O.P.
SECRETÁRIO.
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